Os campos de futebol amanheceram menos poéticos nessa segunda-feira. O jornalista Armando Nogueira nos deixou vitimado por um câncer.
Não é exatamente o meu perfil lamentar a morte. Por diversas vezes falei do tema neste blog. A morte é conseqüência do jogo. É o apito final inerente ao apito inicial, mas a tristeza pela partida do grande mestre é inevitável.
Armando sempre enxergou o futebol de modo diferente. Pra além dos passes e dos chutes. Época boa em que era possível vê-lo na TV aberta traduzindo os jogos em versos. Era como se o futebol ganhasse um tempo extra. Era como se algum cartola da International Board determinasse que depois de dois tempos de prosa haveria um de poesia.
Esse blog, pelada desajeitada entre o futebol e o lirismo, não existiria sem a inspiração do grande Armando Nogueira. Inspiração que, aliás, falta em nossos craques, pobres analfabetos da história de nosso futebol, cegos para a própria arte que criam.
A luz de cada refletor é pequena pra escuridão desse dia.