Eu amo me angustiar. Só isso explica a minha insistência em participar do Orkut. Agressões desmedidas, opiniões inconsistentes e preconceitos goleiam o bom senso. Preciso aprender a me controlar antes de morrer de desgosto.
De qualquer modo, o Orkut mostra como uma parcela da população “pensa” sobre qualquer assunto e, é claro, o futebol está entre ele.
Dia desses, presenciei e participei de mais um round da batidíssima discussão entre Libertadores x Champions League. Pude, então, confirmar um fato (já tratado antes pelo Bernardo) curioso: o futebol é terra fértil para se transformar vícios em virtudes.
Antes de continuar, preciso deixar claro que amo a Libertadores! As maiores emoções futebolísticas da vida foram nessa competição. O Torneio sul-americano tem seu charme, sua beleza e sua magia.
Mas infelizmente…
Está anos-luz atrás da UEFA Champions League em muitas coisas.
Organização, dinheiro, glamour e nível técnico. Poderia citar outras, mas nem será preciso.
Quem ama o futebol torce por ele e não apenas pelo seu time. Quero, sim, ver os estádios locais mais bonitos, as camisas mais limpas de patrocínios estranhos, o gramado entapetado e as torcidas mais civilizadas.
Mas o sul-americano parece ter desenvolvido um preconceito rançoso contra o europeu. Um gesto muitas vezes de reação, mas que é de uma pobreza espiritual e intelectual sem tamanho.
Os defensores da Libertadores elogiam, e elogiaram na discussão que narro, a pedra na mão de Mario Soto, as invasões de campo, a violência sem proibição, o dopping, a deslealdade, o jeitinho brasileiro, os resultados arranjados. Pobres vitimas de um clichê, que ignoram que o São Paulo, era uma comunidade de São Paulinos, foi bicampeão esbanjando técnica e bancando o anti-dopping do próprio bolso…
Numa realidade distorcida a organização da UCL transformou a competição em algo pasteurizado e sem emoções. Esquecem que nossa emoção está atrelada aos NOSSOS times. A suposta falta de emoção da UCL decorre do fato de uma derrota do Barcelona não tirar o sono de ninguém.
Em quase um ano vivendo na Europa, e em contagem regressiva para voltar ao Brasil, pude vivenciar em um número quase incontável de vezes como os sul-americanos têm uma postura anárquica em relação às regras. Nem sempre isso é desvantagem! Não é por exemplo quando um argentino dribla meio time da Inglaterra, não é quando o anjo de pernas tortas desmonta um futebol cientifico e não é quando os franceses elegem um negro do interior de Minas como Rei maior do mundo.
De resto, amigos, é somente um arroto de recalque.
Amo a Copa Libertadores pela nossa latinidade em comum, mas me recuso a aceitar que a minha latinidade seja definida pelo jogo sujo ou, mais ainda, por um modo sujo de encarar a vida.
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